Cabe à sociedade (eleitores) assegurar a responsabilidade do compromisso com o voto, pois, há um problema predominador nas questões políticas que precisam ser decididas urgentemente. Constata-se que é comum querer-se pôr no mesmo enfoco político episódios diferentes, analisar sobre o mesmo ótico conceito de grupos irregulares e tentarem adequar o político corrupto de qualquer maneira na política brasileira, cofiando no altruísmo do eleitor.
Explico. Dois fatores acarretam as mazelas políticas atualmente no Brasil: a omissão e a situação. São dois fatores sem medidas. As muitas omissões dos eleitores, embora capituladas na Constituição Federal, como proibitivas (o povo pode), como obrigação ainda, assim permitem infinitas variações, trazendo enormes prejuízos para a seriedade política. As situações têm como mudáveis as dimensões intangíveis (tempo e espaço) e mais a grandeza social, advinda dos eleitores.
A inércia social por parte do eleitor permite que a corrupção se torne virtude, e a virtude vire crime, conforme determinar e aceitar a maioria. Assim, dar apoio a políticos censuráveis (corruptos), envolvidos em escândalos ilícitos, virou lícito e virtuoso, em outra situação. Este é um exemplo, mas pode-se encontrar essa circunstância por todos os lados, sem a permanecida atitude contrária ao criminoso político. Poderia citar pelo menos uma dúzia de políticos notórios no Brasil pelos seus crimes de corrupção, mas que, no entanto, estão livres sem punições.
Mas, como os momentos sociais são diversos do tempo e espaço (sociedade desonesta coexiste com sociedade honesta ao mesmo tempo) essa descrição interfere no conceito do que é criminoso e do que não é, com a lei ou sem ela, uma vez que a punição por atos de corrupção na política brasileira é caso raro. Esperemos que no caso específico do mensalão, possamos mudar essa trajetória, mas até o final do julgamento nas certezas, continuemos com nossa responsabilidade de menos.
As abordagens na mídia, os trabalhos árduos da imprensa, do jornalismo sério e corajoso em divulgar atos de corrupção, foram o sustentáculo do processo do mensalão, embora não tenha laborado como deveria, como feitos em tempos passados, ou seja, os escândalos de corrupção, não mais envergonham os políticos a ponto de não se candidatarem a mais cargo público em lugar nenhum do Brasil.
Pesquisando as estatísticas acessíveis, encontrei pouquíssimas condenações de políticos por corrupção em nosso Brasil varonil. O mensalão pode mudar essa triste constatação, isto se comprovado a culpa é claro. Contudo, fora o exemplo das atuais condenações pelo STF, pergunta-se: serão as outras condenações na justiça assim incomuns que saltaram este episódio não circunspecto pela sociedade ordeira? De qualquer forma, existe uma constatação inequívoca: a de que não é possível vivermos em sociedade sem política, sem representantes do povo.
Portanto, é preciso mudar o dogma de que política é um mal comum e necessário, porque ela não é; ela é imperativa, principalmente se não foge aos preceitos democráticos e legais.
Neste contexto, cabe aos eleitores decidir quem será eleito. Sem, contudo, partir da premissa de que, ruim com ela a política, pior sem ela. Por isso, é fundamental insistir no voto consciente, limpo e na seleta escolha dos candidatos. No entanto, espera-se, com o fim do julgamento do mensalão que se caracterize não somente o fluxograma do eleitor, mas diante a gravidade dos fatos, que os próprios partidos políticos reflitam sobre o assunto e tomem uma posição em combativa a esse mal e proíbam que estes atores (corruptos) participem do processo político.
O eleitor é que determina quem vai governar a cidade, estado, país, portanto, somos responsáveis sim, pelos que aí estão e pelos novos que virão! Só haverá mudanças significativas na política brasileira se o povo contribuir de forma seletiva, consciente e sem altruísmo.
* Subtenente ativo da PMMG, bacharel em Segurança Pública e privada pelo Centro Universitário do Triângulo- UNITRI. UBERLÂNDIA- MG<a href=”http://nitecomunicacao.com.br/blogando/2012/09/18/a-era-do-autruismo-politico/1338212_30238506/”