Pedra cantada desde a década de oitenta na indústria de informática americana, a multimídia ampliou sem limites sua visibilidade e estímulos. De obras de referência, como enciclopédias e dicionários a experiências estéticas, produziu-se de tudo nos últimos anos. Os ecos da explosão da multimídia foram ouvidos no Brasil nos anos 90, reproduzindo uma versão tupiniquim deste boom que se estende até hoje por todos os canais de mídia. Neste “terreiro eletrônico” muito se viu e de tudo já foi acessado. Mas em vez de nos aventurarmos em previsões para o futuro, há de se resgatar um pouco desta já classificada “hipermídia” introjetada pelas modernas infoways e sua parafernália eletrônica – uma gênese dos sistemas interativos, seus hipertextos e anagramas metafóricas. Para além destas firulas nominativas, o que importa é perceber que a multimídia de hoje é o resultado de um longo processo evolutivo das técnicas de computação gráfica, integração de mídias e sistemas não lineares de escrita, sons e leitura da informação. Esta dimensão quase cósmica, como uma espécie de reificação do diálogo da humanidade, de uma simiose do coletivo. O que fascina nesta treslocada mídia e seus estímulos plurais é que não existem padrões, clichês ou fórmulas a repetir. É hora de imaginar o que não foi imaginado, de dizer o que ainda não foi dito. Apesar das possibilidades do ponto de vista de comunicação ( acesso), não há como negar a extensão destas interações. Ao meu ver, isso implica na capacidade do usuário de tomar decisões criativas, além de apenas fazer parte de um processo, expresso em um contexto previamente definido. Isto é, uma combinação do possível que a tecnologia incita e a possibilidade de criar seu próprio espaço, num processo que poderíamos chamar de bricolagem multimídia desta infindada hélice homem-tecnologia-interatividade.