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Esta epistemologia epidemiológica: sequelas de um Brasil contaminado.

A esta altura, porém, o debate sobre a raiz da postura de Bolsonaro – estultice ou perversão – é ocioso, puramente acadêmico, além de inútil. O essencial agora é salvar vidas. O Brasil precisa fazer o que for preciso para deter o avanço do vírus. Quanto antes e mais enérgico for o distanciamento social, mais rápido a economia poderá voltar a funcionar, se não normalmente, pelo menos num ritmo e num estado em que teremos condições de detectar e debelar futuros focos de contágio, nos diz Helio Gurovitz em seu Blog.
Microorganismos não têm passaporte, ignoram fronteiras.
Parece evidente que, num primeiro momento, protecionismo e nacionalismo ganham força. A pandemia também revelou o risco da confiança nas cadeias globais de produção e fez ressurgir o incauto do protecionismo. A Pandemia deu força ao nativismo comercial.
Não há precedentes para a crise econômica causada pelo coronavírus na história recente. Ainda que o Brasil ainda estava passando por um momento de relativa normalidade em relação à economia mundial em que parecia que essa história de fazer reformas de médio e longo prazo era um curso a ser seguido, porém deverá repensar os centros de produção para ver como poderá se inserir nesse contexto. O que não podemos ignorar é que desde que a gente começou a ter as primeiras notícias da epidemia e depois, quando isso se agravou imensamente, o quadro mudou radicalmente.
Ao meu modo de ver, a demanda, pelo menos no que diz respeito ao setor privado (cidadãos, famílias, consumidores, empresas, investidores, etc.) e todos os estímulos fiscais dos governos, apenas prometem “aliviar” esta flacidez econômica e a sucessão natural do desastre social da sociedade desintegrada e pouco preparada. Parece ser inevitável uma bancarrota, na medida que o confinamento se agiganta sob a supressão da autoridade dos governos. As quarentenas de nenhuma sociedade pode-se resguardar por tanto tempo a saúde pública ao custo da economia, ainda que nossa visão otimista preveja que que depois do rigor das quarentenas tudo voltará ao normal.
Não devemos discordar que o novo Coronavirus destruiu o mito de que a economia deve ser a prioridade, mas é preciso defender uma mistura de liberalismo e conservadorismo para lidar com esta “pandemia econômica”, uma vez que esta epistemologia epidemiológica jogará o mundo inteiro em uma recessão ainda este ano e vai alterar de maneira permanente a forma com que países e empresas fazerem negócios, dizem os economistas. Para os especialistas em relações internacionais, as medidas tomadas por governos para conter o avanço da covid-19 em 2020 terá dois tipos de impacto. No curto prazo, a riqueza mundial, medida pelo PIB, vai diminuir, isso é quase certo.
E, no longo prazo, governantes e corporações vão mudar a forma com que produzem, compram e vendem produtos e serviços…. Os economistas são quase unânimes em afirmar que haverá recessão global em 2020, em todos os cenários – macros e microeconomicos. E não há otimismo que supere esta realidade Os países vão produzir menos este ano que em 2019.
O assalariado e microempreendedor padecerá: fato que condenará as microeconomias e retirará dos desfavorecidos o direito de ir e vir quando esgota sua capacidade de comprar.